Era uma vez um carinha que nasceu pobre, em meio a um mundo que não parecia ser dele. E na verdade não era mesmo. Lá nos cafundós do Judas, onde as pessoas mais letradas, coisa que ele nunca foi, costumam chamar de “interior de Pernambuco”. Isso parece o começo de mais um história triste, cheia de lições e parábolas. Se não fosse verdade. E eis que esse meninote, magrinho e baixinho, resolve ter um sonho. Nada anormal para um garoto da sua idade, o problema é que a vontade virou realidade. Como todo brasileiro, entre um jogo e outro de futebol, sua paixão mortal, o garoto sofre e cresce e descobre que, na vida, o trabalho infelizmente é necessário. Operário. Sim, ele se tornou um operário, que, como todo brasileiro, passava o dia trabalhando, e pra não fugir da regra, ganha pouco, muito pouco. Esse garoto, agora um jovem de calças jeans e camisa branca, nunca pensou em teorias, nem mesmo gostaria de saber o que os pensadores diziam. Mas o engraçado é que mesmo assim, um dia resolveram dizer que ele era um seguidor de vários pensadores. Lênin, Marx, Engels. Foi aí que nasceu o seu apelido mais corrente: comunista. Não é incrível? A humanidade tem esse jeito: cria rótulos para todos os humanos. (E viva a igualdade! Morte à diferença!) Eu poderia dizer que esses rótulos são estereótipos, como o caro Jung já dizia, mas o fato é que o nosso herói dessa história não entenderia bem o que isso quer dizer. Bom, seguindo em frente, esse rapaz resolveu acreditar no que poucos acreditavam: um mundo melhor, ou, pra ser mais específico, em uma nação tupiniquim mais justa. E como qualquer jovem que se preze, ele correu atrás. Correu, correu e chegou! Depois de idas e vindas, vitórias e várias derrotas, não é que o nosso herói pernambucano conseguiu o que queria? Um belo dia, lá estava ele, todo serelepe, no meio da multidão da Avenida Paulista. Depois ele pegou um helicóptero e voou, igual como costumava fazer quando ainda era uma criança esmirradinha. Voou rumo ao seu sonho, rumo ao Éden. O problema é que o nosso herói não sabia que este paraíso era habitado por várias cobras, todas famintas e arredias. Foi quando ele, agora um homem feito, se sentiu poderoso e, pela primeira vez, pensou que a vida fosse fácil. Daí se passaram dois anos e pouco de pura satisfação. Tá certo que houve alguns imprevistos, mas no geral tudo ia muito bem. Até que suas amizades lhe pregam uma peça, uma brincadeira sem graça: mostram que nem tudo faz parte de uma maravilha azul e redonda como a Terra, igual a que costumava imaginar quando a sua mãe dizia que ele vivia no mundo da lua. E por falar em mundo, o herói dessa história descobre que vivia num mundo de sonhos, onde as pessoas eram legais, elas estavam ao seu lado, pro que der e vier. O final feliz não veio, e nosso personagem parece uma criança. Sem mãe. Sem pai. Que bom seria, se ele pudesse virar para si mesmo e gritar, com todas as palavras que talvez nem mesmo saiba dizer: Nenhuma pátria me pariu!!
Fim do sonho. Pode acordar, Senhor Presidente Luis Inácio Lula da Silva.
Fim do sonho. Pode acordar, Senhor Presidente Luis Inácio Lula da Silva.