- Calma, vai com calma, meu amor.
- Pode deixar. Nossa! Que sutiã ruim de abrir.
- Deixa que eu abro, amorzinho.
- Não, deixa que eu faço isso, minha gatinha manhosa.
- Qual o problema, Paulinho?
- Ah, sei lá... Quebra o clima, sabe?
- Bobagem. Pronto. Por que você ta com essa cara?
- Deixa pra lá. Vem cá vem...
- Ei, espera aí! Acha que é fácil assim, é?
- Não entendi.
- Não é porque eu tô nesse lugar com você, que eu vá aceitar tudo, entendeu?
- Mas isso é normal. Você não confia em mim?
- Não é isso, mas é que... Sei lá, acho que não é legal.
- Mas eu te amo, amoreco!
- Então prova!
- Provar? Agora? Tem certeza?
- Agora ou nada feito.
- Tá bom. Se lembra de quando eu disse “eu te amo” pela primeira vez? Pois é, foi a mais pura verdade.
- Jura?
- Juro.
- Que foi agora?! Que que tá acontecendo com você Roberta? Que saco!
- Ai, não fala assim comigo...
- Não chora, fofinha do papai.
- Você nunca teve paciência comigo.
- Como assim “nunca teve paciência comigo”?
- É que eu sou... Bom, você sabe.
- Certo. E qual é o problema? Você tem que se soltar, desestressar.
- Me diz. Você tá acostumado com mulher fácil, não é? Seu cachorro!
- Calma aí, agora eu que fiquei chateado. Cachorro não! Homem sim!
- Viu, não disse que você é machista?
- Não sou nada!
- É sim!
- Não sou, não sou e pronto!
- Quer saber de uma coisa? Pra mim chega, tá? Vou embora!
- Calma! Vamos conversar.
- Cadê a minha blusa? Vou acender a luz.
- Espera...
- Ei! Pode colocar isso de volta, Paulo!
- Mas meu amor...
- Não me chama de “meu amor”, seu cachorro!
- Já falei que eu não sou cachorro! Pode parar por aí!
- Sai, sai daqui, seu cachorro! Não quero mais nem olhar pra sua cara!
- Ei! Olha como eu estou. Não faz isso! Espera!
- (...)
- Roberta, abre essa porta! Quer que eu seja preso, é?
- (...)
- Abre logo, Roberta! As pessoas vão ver. Já pensou se alguém descobre que nós viemos para cá? Acho que você não ia querer, não é mesmo? Já to até vendo a manchete: “Namorado tarado é pego com a mão na maçaneta”!
- (...)
- Abre, porra! Robertaaaaa!
- (...)
- Olha, tá saindo um carro no apartamento ao lado! Eles vão me ver. Abre logo! Caramba, agora complicou de vez.
- (...)
- Seu Herculano, o senhor por aqui...
- Cadê a minha filha, seu cachorro?
- Calma, não é nada disso que o senhor tá pensando. É que eu trabalho aqui...
- Deixa de mentira, rapaz! Quem é que trabalha nu? Só se você fosse ator pornô, o que tá difícil como eu posso ver. Vai logo dizendo: cadê a minha filha?
- Tá bom eu vou contar a verdade. Eu tô aqui com uma mulher, mas não é a sua filha.
- Eu sabia! Você não presta mesmo! Bem que eu disse pra biscate da mãe dela, mas ela não tava nem aí mesmo, só pensava no amante.
- Esquece o que passou, seu Herculano. Aliás, parece que o senhor já está se recuperando da separação, hein?
- Ei! Quem é você pra falar assim comigo? Cadê o respeito, garoto?
- Desculpa, seu Herculano. Olha, vamos fazer o seguinte: eu deixo a sua filha em paz, e o senhor me tira dessa. Que acha?
- Eu não devia, mas entra logo aqui no carro.
- Valeu, seu Herculano! Mãe?! O que a senhora tá fazendo aqui?