Sabe aquela necessidade de escrever? Ela existe, mas o que não existe mesmo é um tema, algo que façam valer estas palavras, muito menos o seu precioso tempo, amigo leitor. De qualquer forma, deito estes escritos sem um roteiro, até porque, convenhamos, a vida desconhece planos. E isso é uma verdade. Incontestável. Assim como não há dúvidas disso, a sinceridade aqui colocada é algo que, digamos, é o grande ponto deste escrito. Não podemos chamar de crônica, seria demais, quase uma heresia. Mesmo assim, segue a construção desse textículo, sem eira nem beira, em uma fluência que mais parece algo paranormal, sobrenatural. E ainda que não tenha nada a acrescentar a sua digna vivência, caro leitor, ouso a continuar escrevendo. Não me importo com o final, nem mesmo se você até aqui continua comigo. Posso entrar simplesmente em um monólogo, numa completa solidão – não me importo. São palavras jogadas ao vento, sem ter nem por quê. É como se assoprasse, por meio de um sussurro, um segredo ao infinito, uma contribuição ao nada. De nada valem essas letras, esses fonemas, esses pontos e vírgulas, meu caro leitor. É um mero desabafo, um dizer que não tenho nada a dizer, não sou e nem estou. Meus dedos correm pelo teclado, sambam com os símbolos, brincam com a metalinguagem. Se aqui podemos definir algo, seria a metalinguagem, apesar de fazer questão que assim você, amigo leitor, o faça para mim. Evito o desnecessário e, talvez por isso mesmo, que não me calo – até agora. Escrever é dizer e escrever, pensar e viver. Uma tentativa desesperada rumo à eternidade. Não que eu tenha essa pretensão, não teria tamanha presunção. Não me cabe aqui dizer o que é certo ou errado, me abstenho. E faço questão disso: não me sujo com pouco, não me aposto no nada. E do nada é feita essa vida, assim como esse inútil escrito. Num rascunho faço mais uma crônica, talvez a mais vazia de todas. Desprovida de sentido, desprovida de vergonha, como tudo nessa vida deve ser. Você ainda está aqui comigo, caro leitor?
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