Era uma vez uma menina que tinha seus cinco aninhos. Apesar da pouca idade, já era capaz de levar alegria por aonde ia. Todos diziam que era uma bênção viver com aquela menina que com apenas um sorriso revelava uma faísca de paz e amor. Até que um dia a menina, tão linda com aqueles olhinhos verdes, cheios de ingenuidade, não acordou tão sorridente como sempre costumava fazer. Algo de errado havia acontecido, e ninguém conseguia explicar o porquê disso. Nem um sorriso, nem um beijo aos que a cercavam. E assim correu o dia. Já ao meio-dia, a sua beleza já não era mais tão radiante. A menina bem que tentou diversas vezes mudar o andar do dia. Sem sucesso, preferiu calar-se. E assim continuou o dia e nada parecia ser capaz de tirar aquele olhar rumo ao nada da menina. Todos estavam preocupados. Às seis da noite, ao entardecer de mais um dia, todos já sabiam que aquele dia não era como qualquer outro para a menina. Havia algo diferente e sólido – pesado mesmo – no ar. Aos poucos a escuridão foi entrando pela janela da casa, e todos já sentiam um vazio no peito. Era um misto de tristeza com o pressentimento de que algo muito sério estava por acontecer. Foi quando a mãezinha da menina lembrou-se de mostrar a boneca preferida dela: a mais velhinha, a mais simples, a mais amada. Saiu um sorriso de canto de boca e nada mais. A noite se colocou de vez e, com ela, veio uma lágrima que rolou despretensiosamente pelo rostinho angelical da menina. Com as mãozinhas pequenas e frágeis, ela enxugou a lágrima e olhou para todos que, naquele momento, faziam questão de estar ao seu lado. Sem dizer palavra, a menina levantou-se de sua cadeirinha e foi para o quarto. Deitou-se na cama e de lá pôde ver o céu escuro e cheio de estrelinhas. Todas pequenas e brilhantes, assim como ela um dia foi. Esperança olhou para aquela escuridão e fechou os olhos. Todos sabiam que Esperança, uma linda menina, tinha partido. Depois daquele dia, a vida perdeu o sentido para todos. E foi o começo do fim.
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