Ela já era uma moça. Linda, cheia de carisma e histórias pra contar. Ele parecia um rapaz. Sem graça, sem pêlo, sem juízo. Ela era a alegria da família, o amorzinho do papai, a fofura da mamãe. Ele era o rebelde sem causa, o tormento do pai, a dor de cabeça da mãe. Ela foi primeira da classe, vencedora de concurso, poeta por natureza. Ele passou raspando, venceu brigas, lutador por necessidade. Ela tinha dinheiro, viajava de lá pra cá. Ele apostava com os amigos, conhecia todos os cantos do Rio. Ela era única. Ele, só ele. Ela vivia com os pais. Ele vivia no gueto. Ela tinha futuro. Ele era sem futuro. Ela nunca fez nada. Ele sempre fez tudo. Ela era a menina. Ele era o pivete. Ela já foi. Ele já era. Eles eram amantes. Porque ela era mais, ele era menos. E você sabe: os opostos se atraem.
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